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Bem, não exatamente…

Ao final do primeiro ano da faculdade, eu estava fascinado com computadores e arranjei um estágio no IPT. Como mandava a tradição, no primeiro dia me puseram numa mesa com um manual de COBOL para estudar. Algum tempo depois (acho que em 1979) o IPT adquiriu um Cobra 400.

O Cobra 400 era uma máquina esquisita, cuja tecnologia a Cobra adquiriu de uma empresa americana (anos mais tarde a Cobra re-projetaria o hardware e o software adotando o nome Cobra 400 II). Embora fosse às vezes mencionado como um mini-computador, o Cobra 400 era na realidade um sistema de data entry capaz também de executar aplicações. Internamente usava um microprocessador de 8 bits (Intel 8080) com 64 Kbytes de Ram. Suportava até oito terminais (o do IPT tinha 4), cada um com uma tela de 8 linhas de 64 colunas (mapeadas nos 64K de Ram). O armazenamento era num HD de 10 Mbyte (o disco tinha o diâmetro aproximado de um LP), controlado por um outro 8080.

Afora uma linhagem estranha (TAL II), mais voltada para programas de entrada de dados, o Cobra 400 tinha também um compilador Cobol. A primeira versão do Cobol (Level 1) era tão fraca que não tinha nem ELSE no IF e só permitia operação batch (sem interação com o usuário via terminal). A segunda versão era bem decente.

Durante os primeiros meses, a máquina era usada apenas para estudos e frequentemente a tinha só para mim (daí ser o meu primeiro “computador pessoal”). Mais adiante começou a ser usado parte do tempo para digitação e parte do tempo para o desenvolvimento de um sistema (cuja estória fica para outro dia).

Mesmo assim, ainda sobrava algum tempo para brin^H^H^H^Hestudar. O meu ponto alto foi a adaptação para o Cobra 400 de um programa em BASIC. Embora a escola usasse cartões nos cursos, já existiam alguns terminais de vídeo na USP e no IPT. Por alguns dias tivemos acesso ao B6700 e conhecemos o jogo (Colossal CaveAdventure. Quando perdemos o acesso, ficou a vontade de jogar este tipo de jogo. O número de Dezembro de 1980 da revista Byte foi dedicado a jogos e trazia a listagem completa do jogo “Pirate’s Adventure” de Scott Adams. A listagem era em BASIC, para o micro TRS-80. Após uma trabalhosa engenharia reversa, consegui re-escrever o programa no Cobol do Cobra-400 e jogar o jogo até o final.

Como disse Scott Adams no iníco do artigo da Byte, time flies.

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